Há um pressuposto paradoxal de que só caminhamos em direção à luz a partir da perspectiva de seu oposto, a sombra. A Sombra é como uma noite escura da alma. O único caminho para trazê-la à superfície é mergulhando no mais profundo oceano de letargia. É simbólica e alegórica, um receptáculo sombrio da face humana. É dualidade e ambivalência, um confronto antagônico: Apolo e Dionísio, vida e morte, gênese e destruição.
Essa é uma jornada ascendente a caminho da sublimação. Onde a água é abundante como nossa corrente das emoções. É como submergir no seu próprio mar de tormentas. É possível um despertar de consciências sem a dor? Fugir da própria alma é aniquilar a sua essência. A autoconsciência é a sua armadura.
ANIMA é representação da vida contemplativa, do sagrado e do poder da natureza em minha perspectiva. É divina e espiritual. É como um processo alquímico, brilha como ouro e transforma a consciência em matéria elevada.
O que mais fascina nos pensamentos e fenômenos opostos não é a oposição em si, mas a complementação entre estes, onde a unidade se faz na diferença. Ir de encontro ao Si Mesmo é sublime, pleno, harmônico. É a incorporação das suas trevas na sua melhor luz. Estar consciente da própria escuridão é catártico. "Do conflito de contrários existente no centro de todas as coisas e que preside a vida do universo resulta a mais bela harmonia" (Heráclito).